Por: Loise Monteiro
No ano de 2018 o programa Digitando o Futuro, responsável por inaugurar laboratórios de informática em 49 escolas municipais de Uberlândia, completa dez anos. O projeto que demandou uma verba substancial em torno de 4 milhões de reais, foi uma parceria do município com o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Instigada a entender a atual situação desses laboratórios, Aldeci Cacique Calixto, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia e pesquisadora na área de informática educativa desde 2001, levou a proposta para colegas do Grupo de Pesquisa em Tecnologia, Comunicação e Educação (GTECOM). Mesmo sem investimentos, aceitaram o desafio, dando início à pesquisa “Computadores nas escolas: o projeto Digitando o Futuro em Uberlândia”.
A pesquisa objetiva analisar o desenvolvimento didático-pedagógico desses laboratórios e recuperar o que aconteceu nas escolas e na gestão pública nesses dez anos. “Queremos entender como as escolas se apropriaram dos laboratórios e que sentido eles fazem agora, dez anos depois”, afirma a professora.
Aldeci explica que houve um salto em termos de tecnologia e que os recursos dos laboratórios estão ultrapassados. “Há dez anos era muito coerente e interessante que se comprasse CPUs e monitores, com laboratórios fixos. Hoje, lidamos com tecnologias móveis, que não dependem de alimentação fixa, são autônomos e capazes não só de gerar arquivos, mas de promover comunicação em tempo real”.
A implantação do “Digitando o Futuro” foi de extrema importância tanto para alunos, quanto para professores, inclusive na zona rural – tantas vezes excluída – pois viabilizou o acesso aos computadores, pensado como centro de informática da comunidade e ponto de inclusão digital, considerando que na época era uma tecnologia cara.
Além disso, o programa serve como grande incentivador da educomunicação, pois permite o uso de diferentes ferramentas e formas de ensino, como jogos e sites educativos. “Tudo isso possibilita pensarmos que o laboratório ainda tem utilidade relevante nas escolas. Como pesquisadores, precisamos cobrar e apoiar os gestores públicos em escolher alternativas, tendo em vista que até o momento não conseguimos documentos que mostrem investimentos significativos na recuperação e manutenção das máquinas em uso”, conclui Aldeci.
A pesquisa será publicada em um livro financiado pela Fundação Lemann, com organização dos professores Paulo Blikstein e José Armando Valente. A obra pretende descrever os caminhos da informática educativa no Brasil nos últimos anos. O grupo GETCOM, da UFU, pleiteou participar do livro através de edital, sendo um dos selecionados entre várias instituições de todo o país, para compor um capítulo da obra.
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